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Fernando Diniz | bio

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Fernando Diniz nasceu em Aratu, Bahia, em 1918. Aos quatro de idade veio para o Rio de Janeiro com sua mãe, que era excelente costureira. Morando em promíscuos casarões de cômodos, costumava acompanhá-la quando ia trabalhar em casa de famílias ricas e abastadas. Desde garoto, o sonho de Fernando era estudar para ser engenheiro. Inteligente, foi sempre o primeiro aluno da classe. Chegou até o primeiro ano científico, mas abandonou os estudos. Em julho de 1944, foi preso e levado para o manicômio judiciário, sob a alegação de estar nadando despido na praia

 

de Copacabana. Em 1949, começou a frequentar a Seção de Terapêutica Ocupacional. Quando chegou ao ateliê, não levantava a cabeça e sua voz baixa mal se ouvia. Ao ser perguntado sobre a razão da beleza de suas pinturas, respondia: “Não sou eu, são as tintas”. Em sua obra mescla o figurativo e o abstrato, abarcando das mais simples às mais complexas estruturas de composição.

Fernando é um eterno aprendiz. Sua ânsia de conhecimento levou-o a considerar o hospital como uma universidade, e apesar de sua longa reclusão é impressionante a quantidade de informações que acumulou. Sua paixão pelos livros o fez constantemente atualizado com os acontecimentos e as descobertas científicas. 
O resultado gráfico de toda essa atividade é um caleidoscópio de imagens ora sucessivas, ora superpostas, dinâmicas e coloridas. Do espaço para o tempo, do inorgânico para o orgânico, do geométrico para o figurativo, e vice-versa, Fernando foi tecendo o seu universo. 

Construiu em barro diversos Relógios do Sol, enormes engrenagens de luas e estrelas articuladas. Depois de sua participação no filme Em Busca do Espaço Cotidiano, de Leon Hirszman, pintou e desenhou uma série inspirada pelo cinema em que utilizava movimentos de zoom e outros elementos da linguagem cinematográfica, integrando na imagem o tempo e o espaço.  Esse interesse resultou no premiado desenho animado Estrela de Oito Pontas, para o qual realizou mais de 40 mil desenhos sobre a orientação do cineasta Marcos Magalhães. 

Segundo Gladys Schincariol, “sua trajetória por esse mundo foi uma verdadeira lição de vida e seu imenso legado é ainda um livro em aberto – ‘o pintor é feito um livro que não tem fim’. Fernando foi um artista ímpar: ‘artista é quase um milagre. O artista já nasceu artista, gosta de se apresentar mostrar a beleza...’ dizia ele.” Fernando morreu em 1999, deixando um legado estimado em 30 mil obras: telas, desenhos, tapetes, modelagens e xilogravuras

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Fernando Diniz was born in Aratu, Bahia, in 1918. At age 4 he moved to Rio de Janeiro with his mother, who was an excellent seamstress. They lived in decadent tenement houses and he used to accompany his mother when she went to work in the houses of the rich and the wealthy. Ever since he was a boy, Fernando’s dream was to study to be an engineer. He was intelligent and always the first student of his class. He got to the first year of highschool, but then abandoned his studies. 

In July 1944 he was arrested and taken to the judicial asylum, on the grounds that he allegedly had been swimming naked at Copacabana beach. He started to attend the Occupational Therapy Section in 1949. When he arrived at the atelier, he didn’t raise his head and his low voice could barely be understood. When asked why his paintings are so beautiful, he responded: “It’s not me, it’s the paint”. In his work, Fernando mixes figurative and abstract forms, from the simplest to the most complex compositional structures. 

The graphic result of all this activity is a kaleidoscope of images, sometimes in succession, sometimes superimposed, dynamic and colourful. From space to time, from the inorganic to the organic, from the geometric to the figurative, and vice versa, Fernando was creating his universe.  
Fernando is an eternal learner. His eagerness for knowledge led him to think of the hospital as a university, and despite his long seclusion, the amount of information he accumulated is impressive. His passion for books kept him constantly up to date with scientific discoveries and events.

He built several sundials using clay, huge geared mechanisms with articulated moons and stars. After he participated in the Leon Hirszman film Em Busca do Espaço Cotidiano [‘In Search of Everyday Space’], he painted and drew a series inspired by cinema, in which he used zoom movements and other elements of cinematographic language, integrating time and space into the image. This interest led to the award-winning cartoon Estrela de Oito Pontas [‘Eight Pointed-Star’], for which he made over 40 thousand drawings under the guidance of filmmaker Marcos Magalhães. 

According to Gladys Schincariol, coordinator of the Museum’s therapeutic workshops, “his journey through this world was a true life lesson, and his immense legacy is still an open book – ‘the painter is like a book that has no end’”. Fernando was a unique artist: ‘the artist is almost a miracle. The artist was born an artist, he likes to express himself, to show beauty…’, he said. Fernando died in 1999, leaving a legacy estimated at about 30 thousand works, including canvases, drawings, tapestries, sculptures and woodcuts.


 

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